Conto de Letícia Rosa Lima – Professora: Silvana Duarte
O ESTRANHO CASO DE ANA SMITH
Meu médico me recomendou alguns remédios e tudo estava indo bem… Até que meu marido e eu mudamos de cidade e consequentemente tive que mudar de médico. ‘Novo médico, novos remédios, tudo de novo.
A casa nova era grande e um pouco escura, mas eu daria um jeito “Sempre dou.” Os novos remédios deveriam me ajudar, porém não foi o que aconteceu. As coisas que eu via agora eram piores “visagens malditas.” Sempre ao chegar em casa ara uma tormento. “Não aguento mais…”
Tudo piorou quando eu comecei com esses remédios. “Você deve estar pensando – Poxa, então por que não para de tomá-los?”
E foi o que eu fiz, por incrível que pareça as coisas melhoraram. Vitor não estava feliz, me dizia que remédios foram feitos para ajudar e que eu deveria voltar a tomá-los. Como não queria deixar meu marido magoado, decidi escutá-lo. “Afinal Vitor era um exemplo de esposo.”
Em uma quarta feira pela manhã, pedi carona a uma amiga pois morava longe da cidade e Vitor usava o carro para trabalhar. Lembrei que o consultório do doutor Augusto, com quem iria me consultar, era perto do emprego do meu marido e como ia à cidade com raridade, decidi passar lá.
O prédio era grande, com longas janelas de vidro e uma decoração moderna. “Como não havia ido antes?” A sala dele era no terceiro andar, então peguei o elevador. Assim que as portas se abriram pude ver sua secretária, Scarlet, esse era o nome dela, ela usava um sapato de salto na cor preta e um lindo vestido vermelho.
Scarlet estava sentada em uma mesa ao lado de uma porta, imaginei ser a sala do meu marido. Cheguei perto para conversar com a secretária e ela pareceu se assustar comigo.
— Boa tarde, gostaria de falar com meu marido, Vitor Smith. — Ela me olhou um tanto assustada.
— A senhora é esposa do senhor Smith?
Sim? — Saiu mais como uma pergunta do que como uma resposta. “O que está acontecendo?” — Poso entrar na sala do meu marido ou ele está ocupado? — Ela pareceu se desesperar. “A senhora não pode entrar, o senhor Smith está em-em um-uma reunião. “ok, esquisito” Achei melhor ir embora, afinal não tinha mais o que fazer ali. Como já havia me consultado no psiquiatra resolvi voltar para casa.
Quando cheguei em casa me senti entediada, já que ainda n trabalhava e não havia nada para fazer, resolvi ler um livro. Me sentei em uma das poltronas da sala e comecei a folhar o livro. ‘Ele quer te matar’ “O que foi isso?” Me assustei quando ouvi uma voz sussurrada, mas havia um porém, eu estava sozinha. “O que está acontecendo? Quem quer me matar?” Era tudo meio confuso. ‘Seu marido está falido, ele planeja te matar e pegar o dinheiro do seu seguro de vida’ “O que? Como assim? Vitor nunca faria uma coisa dessas, ele é um exemplo de pessoa.” ‘Mate-o’ —Não! Eu nunca mataria um ser humano! ‘Mate-o’.
O que acabara de acontecer, havia terminado ali, a voz foi embora tão rápido quanto apareceu. Eu precisava conversar com Vitor, aquilo não fazia sentido algum.
Vitor chegou algumas horas depois. “Podemos conversar?” Perguntei sem rodeios, queria ser direta, ele apenas assentiu e se dirigiu até a cozinha. “Sobre o quer conversar Anna?” “Você planeja me matar?” Ele me olhou com espanto, como alguém que é pego no flagra. Eu não tive uma resposta, então perguntei de novo “Vitor, você planeja me matar?” pronunciei mais devagar “De onde você tirou isso? É um absurdo!” Ele parecia desesperado “Você está falido?” “O que? Claro que não” ‘Por que eu não sinto verdade nisso?’ ‘Mate-o.’ De novo isso, de novo as vozes “Vamos conversar com calma, você está alterada” ele quem parecia alterado “eu estou bem, não me trate como uma invalida” ‘Mate-o ou terá que escolher, você ou ele’ “Não estou te tratando como inválida, mas você toma remédios por um motivo… ‘Mate-o’ “Eu estou bem, não preciso de remédios!” “Não, você não está bem, está ficando louc-“ ‘Mate-o’ — Eu não sou louca!
Eu fiz o que as vozes diziam, talvez não devesse ter feito, mas fiz. Foi rápido e fundo. Uma facada só. Era a faca que estava no balcão da cozinha atrás de mim. Estava parada em devaneios quando escutei uma sirene. “Polícia? Como eles chegaram tão rápido?” Não tive tempo de raciocinar, logo minha casa estava cheia de policias fardados. Eles me algemaram. Eu estava em choque. “Achamos o corpo” um dos policiais disse. “eu não fiz nada, não podem me prender, foram as vozes, elas me mand-“ “A senhora tem o direito de permanecer calada, tudo que disser poderá ser usado contra você” um dos policiais me interrompeu. Não importava mais, eu já estava sendo levada para a delegacia…
A primeira coisa que fizeram foi me levar para a sala de interrogatório. Sem cadastro. Sem nada…
Eu estava sentada em uma cadeira de metal com as mãos algemadas e presas a mesa. Um investigador entrou na sala, ele era alto, meio barrigudo, cabelos castanhos, a barba por fazer e um ar de competência.
O investigador ficou de pé ao lado da mesa, ele me encarava com toda a imparcialidade do mundo.
— Vou começar lhe fazendo algumas perguntas e você responderá com sinceridade.
Eu apenas assenti.
— Serei direto: por que matou seu marido?
— Não havia porque mentir, seria melhor se eu apenas dissesse a verdade.
— Ele não tinha mais dinheiro então planejou me matar para pegar o seguro, e as vozes me disseram para escolher, eu ou ele, não tinha outra escolha, não queria morrer.
— Hum, auto defesa, entendo! Senhora Anna, de uma olhada nessas fotos. — Ele tirou algumas fotos de um envelope preto e as colocou em cima da mesa.
— Que horror! Quem faria uma coisa dessas? — As fotos mostravam um corpo completamente desfigurado, haviam tantos cortes que seria impossível reconhecer quem era.
— Quem faria uma coisa dessas não é mesmo? Afinal foram 45 facadas de auto defesa — Disse John com um tom frio e irônico. — Ana, olhe de novo, você não reconhece essas roupas? Ainda podemos ver que se trata de uma camisa verde.
— 45 facadas? Não, não… eu apenas me defendi! Por que estão fazendo isso comigo?
— Por que está negando? As suas digitais estavam espalhadas em toda a cena, você estava segurando a arma do crime quando foi encontrada.
Ana abaixou a cabeça e tentou entender todas as informações, ela não se lembrava de ter feito nada daquilo. “Esse detetive vai te colocar na cadeia em prisão perpétua, se você não quiser isso, deveria fazer igual fez com Vitor.” Ela ficou tão inerte nas vozes que nem escutou o investigador chamar.
— Anna, está se sentindo bem? — O detetive chamou mais algumas vezes mas não obteve resposta.
— Que estranho, é melhor pedir ajuda. — John estava saindo da sala quando escutou a voz de Ana
— Não preciso de ajuda, estou bem, nunca estive melhor. — Com isso o detetive se virou e observou a mulher, ela aparentava estar ausente. Ele se aproximou para falar com ela, quando chegou pero o suficiente a mulher pulou em cima do detetive e começou e enforca-lo com as algemas que estavam em seus punhos.
Com toda a agitação na sala, alguns policiais que passavam por lá decidiram ver o que estava acontecendo. Quando entraram no local encontraram a interrogada enforcando o detetive. Eles correram até os dois e os separaram, Ana estava se debatendo e tentava escapar dos braços do policial.
— Ela está descontrolada, vai acabar se machucando, chamem um médico.— Disse o detetive.
Um dos policiais saiu correndo em busca do médico da delegacia, assim que o encontrou os dois voltaram para a sala.
—Vou sedá-la antes que acabe se machucando ou machucando alguém.— O médico disse tirando um frasco de vidro e uma seringa de dentro de sua maleta. Assim que o sedativo foi aplicado a mulher começou a se acalmar e ficou desacordada
Algumas horas depois um homem chegou a delegacia, ele era baixo, usava um terno cinza, apresentava indícios de calvície e carregava uma pasta de couro preta.
— Boa noite, Meu nome é Charles Campbell, sou advogado de Anna Smith, fui notificado que ela havia sido presa e gostaria de falar com ela.
— Sinto muito, mas a senhorita Anna não poderá receber visita do advogado quando acordar. — Informou a policial que estava na portaria.
— Quando acordar? Como assim?
— Aconteceram alguns problemas e ela precisou ser medicada.
— Ok, gostaria de conversar com quem estava com ela para entender melhor a situação da minha cliente.
— Tudo bem, irei chama-los.
A policial saiu da recepção e entrou onde parecia ser uma sala e logo em seguida saiu com dois homem, um policial e um médico.
— Boa noite, sou o detetive John e esse é o doutor Philips.— Ele os apresentou
Olá, meu nome é Charles e sou advogado da senhorita Anna, o que aconteceu com ela?
— Estavamos no meio do enterrogatório quando a senhora Smith pareceu estar passando e mal, fui ver se estava bem ela pulou em mim e tentou me enforcar. Ela parecia estar fora de si, tivemos que usar um medicamento para acalma-la. Ela será acusada por agressão.
— Anna é uma pessoa calma, nunca tentaria agredir alguém, você disse que ela parecia estar fora de si, será que pode ser alguma coisa psicológica? Talvez uma crise?
— Ela apresentou os mesmos sintomas de uma pessoa com esquizofrenia, eu aconselho procurara um médico especialista.
— Ok, obrigado.
O advogado começou a pensar “se ela realmente for diagnosticada com alguma doença psicológica pode ser considerada uma pessoa inimputável.”
ESTADO DE TORONTO
POLÍCIA CIVIL
DEPARTAMENTO ESTADUAL DE HOMICÍDIOS E PROTEÇÃO À PESSOA
5ª DELEGACIA DE POLÍCIA DE HOMICÍDOS E PROTEÇÃO À PESSOA
RELATÓRIO
IP n° 206/2021/300520-A
O presente inquérito foi instaurado, a partir de auto de prisão em flagrante, para apurar a prática do delito de HOMICÍDIO, na forma CONSUMADA, fato ocorrido em 23/07/2021, por volta de 18h, na endereço, onde figura como vítima o executivo VIKTOR EDWARD SMITH, conforme na comunicação de ocorrência de n° 7594/2021/200720x
Segundo RELATÓRIO DE LOCAL DE CRIME, equipe de investigação preliminar deste Departamento com pareceu ao locar em razão de ter sido noticiado o homicídio de um individuo no bairro residencial Columbia Briths. A cena estava preservada pela Brigada Militar que por, intermédio de seus Policiais, informaram que a vítima havia entrado em atrito com a sua então esposa ANNA KOOPER SMITH. Após ouvirem gritos e uma possível discussão, os vizinhos notificaram a polícia. No local os policias militares Diego Rivera e Peter Jhonson informaram encontrar a rel em estado de choque segurando uma arma branca (faca de cozinha). O policial Johnson informou que ela parecia sonhar acordada e posteriormente ao fato chorou dizendo que estava em um pesadelo. Ela resistiu a prisão mas não negou o crime.
Toronto, 15 de setembro de 2021.
George Adams Kooper
Delegado de polícia
RELATÓRIO MÉDICO
Após o relatório final de investigação de homicídio n° 206/2021/300520-A foi solicitado o relatório neurológico e psiquiátrico da rel. A senhora Anna Kooper Smith foi prontamente atendida no Hospital Toronto General Hospital e submetida e exames.
Foi diagnosticada com uma doença rara
Colocar a explicação da doença
Colocar algum tratamento para a doença
Atualmente a paciente encontra-se lúcida e em estado clínico estável.
Dr. Edward Miller Kooper
Médico responsável
[20:16, 03/12/2021] Letícia Emefei: […] o mundo quebra a cada um deles e eles ficam mais fortes nos lugares quebrados.
Ernest Hemingway
[20:16, 03/12/2021] Letícia Emefei: A frase q eu gosto
[20:16, 03/12/2021] Letícia Emefei: Este livro é dedicado a Marcela, Gabriela e Giovana, meu porto seguro e minhas irmãs de alma. Agradeço a Silvana por me inspirar a melhorar na escrita e a expandir minha imaginação.