Publicado en POEMAS/CONTO/ LITERATURA AFINS

O Anjo de costas…

Él angel al revés

Poemas simplórios de Silvana Duarte


Por la noche, el viento heri sus hombros gélidos
castigándolo, a recordarse de la mano que le calentaba...
...
No puedo huir
De mi corazón rebelde
Ni de esa pasión salvaje
Que me hace revivir
Ya busqué lugares ruidosos 
Intentando que su imagen
Se perdiera en medio a  una multitud de emoción
así fue, cuando vi mi propia imagen 
Refletida en tu espejo.
Busqué entonces, el campo santo
Donde el silencio es la condena
De los vencidos
Me senté en un túmulo, era de un joven que murió porque amaba mucho
Por fin encontré mi paz
Solo la muerte acalmará mi corazón
Português: 


À noite, o vento bate em seus ombros gelado,
condenando-o a lembrar-se da mão que o calentava...






 
Publicado en 5º e 6º Estágio Nível 2, AULA DE LÍNGUAS, POEMAS/CONTO/ LITERATURA AFINS, PORTUGUESE CLASS FOR FOREIGNS

Sites sobre poetas/poesia especialmente em América.

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Festival Internacional de poesia em Dois Córregos- São Paulo

Festival reúne poetas brasileiros e estrangeiros na cidade que já ganhou fama de ‘capital da poesia’

Dois Córregos traz em junho o chileno Raul Zurita, a argentina Graciela Wencelblat e o brasileiro Arnaldo Antunes em evento com o tema ‘Por um mundo mais poético’

Dois Córregos, 20/05/2008 – A segunda edição do Festival Internacional de Poesia de Dois Córregos acontece nos dias 13, 14 e 15 de junho e vem para confirmar a fama da cidade de ‘capital da poesia’. Promovido pela Prefeitura Municipal e pelo Instituto Usina de Sonhos, o festival realizará 16 atividades, entre palestras, mesas redondas, apresentações artísticas e saraus em torno do tema ‘Por um mundo mais poético’. O objetivo é discutir o lugar da poesia na vida moderna e como ela pode modificar visões de mundo.

Dois Córregos, localizada no centro do Estado, tem cerca de 25 mil habitantes e há dois anos passou a promover a inclusão cultural por meio da poesia, por meio do projeto EntreVersos. A iniciativa apóia a produção de textos poéticos em escolas, indústrias, comércio, zona rural e penitenciária da cidade. O sucesso foi tão grande que culminou na edição do primeiro festival, realizado no ano passado. O II Festival traz agora novas atrações.

Na programação, palestras com Raul Zurita, poeta chileno premiado que participará do Festival Internacional de Literatura de Berlim deste ano; Graciela Wencelblat, poetisa argentina com publicações traduzidas para o português e francês; Arnaldo Antunes, cantor, compositor, músico e poeta; Rafael Raposo, ator principal do filme em homenagem a Noel Rosa, ‘Poeta da Vila’, além de mesas redondas com estudiosos. ‘As discussões deverão nos mostrar como a poesia pode mudar comportamentos, enriquecer a alma e criar uma cultura mais expressiva e aberta’, diz o empresário José Eduardo Mendes Camargo, fundador e presidente do Instituto Usina de Sonhos.

Além de idealizador do projeto Entre Versos, que contaminou a cidade, Camargo também é empresário e vice-presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).

Palestras e discussões

O evento começa no dia 13 com jantar de abertura e sarau. No dia 14, após abertura oficial, a poetisa argentina Graciela Wencelblat apresenta palestra sobre ‘A inquietude da poesia’, seguida de painéis sobre poesia nas escolas, poesia em outros segmentos sociais e centenário da morte de Machado de Assis. Em seguida, acontece uma sessão de declamações e depoimentos de participantes do projeto EntreVersos. A poetisa e educadora Teruko Oda encerra a manhã com uma palestra sobre haikai – forma poética de origem japonesa que valoriza a coesão e objetividade.

Na tarde do dia 14, o conferencista Fábio Lucas, da Academia Paulista de Letras (APL), fala sobre poesia moderna, seguido de uma mesa redonda comandada por Levi Bucalem Ferrari, presidente da União Brasileira dos Escritores (UBE). Após um intervalo, o ator Rafael Raposo fala sobre sua participação no filme ‘Poeta da Vila’ (do diretor Ricardo Van Steen), em que encarnou o compositor Noel Rosa, papel pelo qual foi reconhecido como ‘Ator do Ano’ pelo SESI de São Paulo. A programação do dia se encerra com apresentações de poesia popular.

Na manhã do dia 15, uma palestra sobre ‘Espiritualidade na poesia’, com Ulisses Riedel, abre a programação, seguida de uma palestra do o poeta, cantor e compositor Arnaldo Antunes, falando sobre ‘Poesia e Literatura’. Quem fecha a programação é o poeta chileno Raul Zurita, que apresentará trechos de sua obra ‘A Nova Vida’. Às 12h haverá uma apresentação da Banda do SESI de Limeira, seguida de almoço.

Projeto EntreVersos

Lançado em dezembro de 2006, o projeto EntreVersos conseguiu, com sucesso, envolver a população de Dois Córregos. A idéia era estimular a leitura e livre expressão da criatividade artística em diversos segmentos sociais, proporcionando ainda o surgimento de novos talentos.

O projeto ajudou a transformar a cidade. Professores da Rede Pública de Ensino envolvem seus alunos com poesia. Nas indústrias, funcionários têm espaços para a criação e discussão de poemas, que depois são publicados em murais.

Por meio do EntreVersos, com apoio das autoridades locais, as reeducandas da Casa de Detenção da cidade escrevem sobre suas experiências e manifestam seus sentimentos por meio da poesia. Depois, publicam os textos nos jornais da cidade. Nos canaviais e nas plantações, agricultores declamam poemas que eles mesmos escrevem.

Instituto Usina de Sonhos

Fundado em agosto de 1995 em Dois Córregos (SP), o Instituto Usina de Sonhos tem como missão transformar a sociedade por meio da linguagem poética, instituindo a cultura da paz e da não-violência. Para isso, busca envolver autoridades, instituições sociais e a comunidade em parcerias e projetos voltados à arte-educação, integrando atividades culturais ao ensino nas escolas, incentivando formas variadas de expressão da criatividade e promovendo o interesse por estudos literários e poéticos. Dessa forma, o instituto valoriza ações positivas que ajudem na construção de uma sociedade mais democrática.

A Usina de Sonhos e seus projetos têm o reconhecimento da Abrinq (Associação Brasileira de Brinquedos) e da Unesco – Órgão das Nações Unidas para o Desenvolvimento da Cultura.

Mais informações:
Com Texto Comunicação & Marketing
Murilo Barbosa – Assessor de Imprensa
16 3324 5300
16 9192 9775
murilo@ctexto.com.br
http://www.ctexto.com.br/

Fontes:
Colaboração de Douglas Lara, in Acontece em Sorocaba, www.sorocaba.com.br/acontece
http://www.panoramio.com/ (imagem)

https://nuhtaradahab.wordpress.com/2008/05/21/festival-internacional-de-poesia-de-dois-corregos-sp/

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FLORIANO MARTINS | Dois encontros com Maria Lúcia Dal Farra

1 | O tempero da existência

Três expressivos livros de poemas – Alumbramos (2012), Livro de possuídos (2002) e Livro de auras (1994) – e o esplendor de uma poesia intrigante pela serenidade com que mergulha na reflexão do mundo que a habita, íntima e exteriormente. Maria Lúcia Dal Farra (1944) é uma sábia ausente da cena literária, sem que isto implique no desconhecimento de seus artifícios. Vivendo há anos em Sergipe, guiada por uma intensa sintonia com o cotidiano, seu espírito resplende aquele ensinamento alquímico evocado por Juan-Eduardo Cirlot, de que em todo labor, mesmo no mais humilde, as virtudes se exercitam, o ânimo se tempera, o ser evolui. Temperados justamente pela grandeza de sua humildade, nós nos sentamos para uma deliciosa conversa.

FM | Comecemos pelo alumbramento. Com quem dialoga a poesia de Maria Lúcia Dal Farra? Quais as fontes de teu alumbramento?

MLDF | Essa história das luzes é uma mania antiga da minha poesia (sou leitora de Bandeira desde os tenros anos) e ao mesmo tempo uma tortura. Pra começar pelos fundamentos, ou seja, pelo meu corpo, tenho uma cegueira periódica que ocorre a partir de um ponto luminoso que se instaura no meu campo de visão sem mais nem menos, como se uma auréola muito poderosa crescesse da cabeça de uma Madonna medieval que se manifestasse na minha frente e se expandisse por toda a minha órbita visual, preenchendo-a. Fico então sem enxergar nada, a não ser essa potente luz (por muitos e longos minutos) até que ela atravesse de lado a lado a abóbada e cumpra o seu percurso. Como vê, encegueiramentos e alumbramentos são coisas do arco-da-velha na minha vida primária.

Mas não foi por isso que o meu primeiro volume de poemas chamou-se Livro de auras – se bem que entre corpo e espírito o elo seja tão cerrado que tudo se passe sem o nosso entendimento. Leitora de Walter Benjamin há tempos, eu buscava deliberada e desesperadamente (na década de 1990) lutar contra a histórica perda da aura (das coisas e do poeta) para encetar uma comunicação com o leitor que nos fizesse, a mim e a ele, reaver (para comungar) uma unicidade impossível. Era um esforço louco, baldado e urgente, num tempo em que o mundo que conhecia desabava: de um lado porque eu sofrera o mais duro golpe da existência; de outro, porque todos entrávamos na tal da pós-modernidade líquida e vertiginosa onde tudo já é outra coisa.

É verdade que isso vinha acontecendo paulatinamente na minha história subterrânea, porque antes de publicar tão tarde esse livro inaugural (aos 50 anos, em 1994), eu escrevera (desde muito cedo e ao longo da minha vida) sete outros que restavam e restam mudos e surdos – visto que não tocados por ninguém. Na carência de leitor, a minha poesia solitária parecia prestes a desembocar num ilegível absoluto, e foi assim que resolvi tomar, contra toda a evidência, aquele caminho para tentar falar com alguém. Abandonei tudo o que havia escrito até então e me botei na empreitada de escrever um novo livro (publicável) e que, em princípio, me salvaria. (Quem, se eu gritar, me atenderia nesse turbilhão de vozes?) Não me salvei e nem a ninguém; minha aura espatifou-se quando tentei levitar como os anjos de Rilke. Mas o esforço valeu.

A experiência de estraçalhamento me mostrou que talvez fosse mais seguro (pelo menos para ter chão aonde pisar) conversar mais cerradamente com os meus pares: os poetas mortos. Eles sempre foram os meus interlocutores, as obras com quem falo. De resto, para além deles, dirijo-me desde então a um elenco de pessoas com quem suponho estar entrando em diálogo (repare como os meus poemas são repletos de dedicatórias); e, depois, a toda a gente que bote os olhos em cima da minha escrita. O fato é que não tenho ilusões: possuo pouquíssimos leitores vivos, e isso é bom porque escrevo mesmo para alguns, sobretudo hoje que a medida é a massa.

A fonte do meu alumbramento é, pois, o outro; aquilo que o outro me traz de luz para qualquer tipo de conhecimento que possa realizar na escrita de um poema, quando tento desvendá-lo ou trazê-lo para mim.

FM | Há uma distinção possível entre o poeta e o poema?

MLDF | Transforma-se o amador na coisa amada…

FM | Eu gostaria de me referir ao universo da crítica de poesia no Brasil, porém este universo é inexistente. Em seu lugar, o que temos, e muito ocasionalmente, são anotações dispersas, de cunho jornalístico, que tocam mais o pitoresco do que propriamente o essencial sempre que remetem a algum poeta. O ambiente de pesquisa acadêmica é igualmente desalentador. Evidente que não escrevemos para atender a essas vertentes. No entanto, cabe indagar: considerando os personagens envolvidos, quem não está desempenhando bem o seu papel?

MLDF | De verdade mesmo escrevemos para ninguém, pelo menos para ninguém que nos ouça ou que nos leia – escrevemos sempre para quem ali não está e que, se estivesse, não se encontraria onde supomos que pudesse estar. A poesia nasce desse desencontro jamais resolvido e essa é a maneira de ela se projetar para adiante – porque procura aquele que ainda não há. A rigor, portanto, era bom que o crítico ocupasse esse lugar des-sabido e errático (pelo menos por alguns instantes) nem que fosse dentro da máscara de um “hypocrite lecteur” baudelaireano (que, aliás, nesta versão da modernidade, data pelo menos de 1848 – donde se vê que o espaço vazio é antigo).

Mas não dá para falar, a não ser raramente, em existência de crítica de poesia no nosso país, e desde há largos anos. Para referir minha experiência própria, desde muito jovem eu lia aquilo que se produzia no Brasil (e também lá fora) através do Suplemento Literário de Minas e do Estadão – mas esse mundo já acabou. Será que em algum lugar da internet isso ainda se asila? De que maneira? Vejo (algumas vezes) que blogueiros se conectam (intuitivamente, suponho) em algum poema que lhes cai nas mãos, e passam a exibi-lo e a dividi-lo com quem os visita. Creio que não saibam bem do que se trata. São (digamos) tocados por seu súbito raio de inusitado e o divulgam porque aquilo se afina de alguma maneira com eles, graças a esse raspão hipnótico com que o poema os fende. Quero crer (que mesmo assim minimamente) o senso crítico desse leitor transparece esbatido aí, mercê desse insight ocasional que fica embutido na sua escolha (implicitado nela), o que já é, nestes tempos de calamidade, pra lá de bom. Talvez seja por aí que a poesia faça o seu passe e avance para outro e outro leitor até que encontre aquele que a invente. Aliás, a minha poesia tem tido a alegria de conhecer alguns desses passageiros de lumes, sobretudo no meio acadêmico e junto a meus pares.

Acho, por outro lado, que a gente poderia, se quisesse, escrever aquilo que o mercado pede (tratar a obra como mercadoria) e então faríamos o maior sucesso, teríamos “críticas” condizentes e ganharíamos dinheiro. Mas pra quê? Para que andar na mão se a gente pode obter um prazer desmesurado seguindo em contrapelo? Para que ler Elisa Lucinda se se pode ler Cecília Meireles? A poesia só existe quando se coloca contra a linguagem que vigora, cavando frestas por onde significar outra coisa que ela mesma ainda nem sabe o que é. E só há um jeito de viver isso: no impasse. Porque não é só uma questão de contenda sempre armada entre o poema e o seu leitor. Mas de uma luta engalfinhada entre o que a poesia busca produzir e aquilo que suas leis de produção lhe permitem ou não ultrapassar enquanto fatores constitutivos da comunidade da qual ela emerge e com quem dialoga. Muito embora em trânsito permanente, esse mecanismo de mercado só sossega se domá-la, ávido por abocanhá-la como sua presa, pasteurizando-a em definitivo. Fugir desse sequestro, enfrentá-lo no texto, situa a poesia nesse impasse de que falo, pois que o ato poético, na impossibilidade do heroísmo que redundaria inócuo, não pode ceder à contraparte cínica contida no desejo de se realizar.

O fato é que, assim, o ato poético parece fadado ao suicídio. Porque manter-se nesse limiar beligerante e perigoso, em estado de periclitância entre um e outro valor, em equilíbrio para a criação de uma linguagem que, obrigada a fazer concessões, não as autentica – é o que parece ser o impossível e legítimo ofício do poeta contemporâneo. E o que solicita dele uma ação contraditória, uma absurda práxis que só pode exercer-se em oximoro.

FM | O Brasil sempre foi muito acanhado ou mesmo ausente em relação a um tipo de evento literário que surge em nosso continente nos anos 1960, os encontros internacionais de poetas. A legitimidade desses eventos expressou sempre uma forma de resistência. Quando surgem no Brasil tratam de atrelar-se à outra margem da tradição, adotando as perspectivas de mercado. O que era para ser característica de uma reação, entre nossos escritores e intelectuais, se torna a adoção de um festejo de mercado. É outro evento, muito revelador de uma cultura, não resta dúvida. E o mecanismo adotado, muito feliz, pouco a pouco está banindo os poetas.

Para ver mais aqui clique aqui:

Conheça mais um poeta: Ignacio Carvajal

Publicado en AULA DE INGLÊS- TEACHER SILVANA, AULA DE LÍNGUAS, POEMAS/CONTO/ LITERATURA AFINS

Formas de expressar poesia na escrita e na fala em nossa contemporaneidade.

O slam. Você sabe o que é?

Fonte: https://caic.furg.br/pt/434-poesias-do-slam-enfeitam-os-corredores

Vamos ouvir um pouco:

ASSISTA, REFLITA EM SEGUIDA RESPONDA: ESTE TIPO DE POESIA (A FORMA QUE É FEITA NO VÍDEO) É SLAM? COMENTE.

Vamos ler para entender melhor sua origem e suas ideias por meio deste plano de aula:

Conteúdos

– Gênero literário – spoken word
– Preconceito linguístico e uso variado da língua
– Identitarismo: periferia, negritude, feminismo e LGBTQ+
– História e cultura da arte urbana

Objetivos

– Compreender o slam poesia como um gênero literário
– Discutir as questões de preconceito linguístico e social
– Conhecer o uso variado da língua em diversas situações
– Debater a apropriação do espaço urbano por jovens e setores marginalizados da sociedade
– Apreciar variadas modalidades de poesia

Série/ano:

8º e 9º anos do ensino fundamental II (segundo ciclo) e ensino médio

Apesar da sugestão de série/ano indicada, ao(à) professor(a) reserva-se a análise de apresentar ou reforçar determinado tema quando achar necessário. O conteúdo pode ser abordado em conjunto com a literatura contemporânea, história e literatura negra e afrodescendente, cultura popular, arte urbana e história do Brasil contemporâneo.

Previsão para aplicação:

4 aulas (50 minutos/aula)

1ª Etapa: Slam – um gênero literário

Slam é uma batalha de poesias e rimas que existe desde os anos 1980 e tem crescido cada vez mais no mundo e no Brasil, sobretudo no século XXI. Considerado por muitos um esporte, o slam tem batalhas nacionais e uma Copa do Mundo, onde finalistas de diversos países se encontram para escolherem qual a melhor poesia. Na última década, o Brasil tem apresentado suas manifestações, sobretudo entre os jovens periféricos, e traz consigo um forte teor auto afirmativo, identitário e de ocupação de espaços públicos.

Spoken word: a poesia falada

Slam poesia ou poetry slam é um tipo de poesia que faz parte do gênero spoken word ou, na tradução literal, palavra falada. Faz parte desse gênero toda a literatura que é pensada para ser declamada ou falada em público. É um gênero que vem desde a Antiguidade e Idade Média, como por exemplo os trovadores, mas que também aparece na cultura africana, os Griôs.

No caso dos trovadores, a poesia declamada tinha a função de contar casos ficcionais épicos e era feita em um momento em que não havia imprensa ou a disseminação da alfabetização na Europa dos séculos XI e XII. Na cultura africana, os Griôs ou Griots, são os mantenedores da história e da memória de determinado grupo social ou étnico. São os portadores do conhecimento antigo e são responsáveis por passá-los para as novas gerações de forma oral, preservando a história, a memória e a ancestralidade.

Nos anos 60, a poesia falada foi ressignificada pela geração beat, no Estados Unidos, fazendo parte das manifestações do movimento de contracultura e de reivindicação de direitos civis. Na década de 70, o rap, do inglês ritmo e poesia, nasceu entre a comunidade negra norte-americana, sobretudo em contato com a cultura jamaicana imigrante em Nova York. Para os poetas do rap, a letra se sobrepunha à melodia e a temática era o cotidiano de opressão nas grandes cidades, violência policial e afirmação de uma identidade étnica.

Slam: poesia falada marginal

slam surge em 1984, em Chicago, estado de Illinois, Estados Unidos. Até pouco tempo, Chicago tinha a particularidade de ser uma cidade muito industrializada. Em um bar de jazz, onde costumavam ocorrer declamações e saraus de poesia, o trabalhador da construção civil e também poeta Mark Smith teve a ideia de fazer uma “batalha de poesias”. Junto com seu grupo Chicago Poetry Ensemblange, ele cria o Show-Cabaré-Político-Vaudevilliano.

A ideia inicial de Smith era fazer uma brincadeira para ironizar a declamação academicista, elitista e formal. A batalha tinha a intenção de popularizar a poesia e realizar performances-poéticas que fossem mais concretas e menos abstratas, diferente daquelas dos saraus que atraíam mais os jovens de classe média. Dessa maneira, o slam acabou unindo a forma poética e as reuniões ocorridas para a realização dos saraus e, ao mesmo tempo, um público e uma plateia participativa, que torcia e se envolvia na poesia e na letra, e não apenas contemplava o poeta e sua obra.

O gênero se desenvolveu tão rápido nos Estados Unidos que apenas seis anos depois, em 1990, ocorreu o Primeiro Campeonato Nacional de Slam, em São Francisco. Em 2002, sua popularidade o levou ao Primeiro Campeonato Internacional, ocorrido em Roma. Após isso, são realizados campeonatos anuais na França nos quais os poetas apresentam poesias em suas línguas nativas, enquanto as traduções são feitas simultaneamente em um telão. A tecnologia é uma das aliadas desse gênero que viu sua popularização ocorrendo por meio de redes sociais e permitiu encurtar distâncias entre as comunidades. Atualmente, França e Alemanha têm as maiores comunidades slammers do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, sua terra natal.

Características do slam

As batalhas de slam ocorrem em praça pública ou em bares. Existem apenas três regras: as poesias devem ser autorais e não terem sido apresentadas em nenhuma outra batalha, devem durar no máximo três minutos e a performance deve contar apenas com a voz e/ou o corpo do poeta para se manifestar, sem usar adereços cênicos ou batidas musicais. O público escolhe o júri na hora, entre os que estão assistindo, que dão as notas imediatamente depois da apresentação sem debater, além de uma pessoa para calcular o tempo da poesia e a média obtida por cada poeta. A ordem das apresentações é sorteada entre as pessoas inscritas e a maior e a menor nota são descartadas para realizar a média e a pontuação final. Normalmente, o vencedor ganha um livro.

O limite de tempo visa democratizar a participação no evento. Ninguém interrompe um slammer quando esse ultrapassa o tempo, mas ele perde pontos na somatória final. Por se tratar de um trabalho em grupo ligado à comunidade, o slam não tem por objetivo inicial lançar poetas focados em uma única pessoa, apesar de acontecer também. No momento da batalha, no entanto, o limite de tempo evita a monopolização do espaço por parte de algumas pessoas. A proibição de adereços cênicos e de música visa fazer com que o poeta cative a plateia usando apenas a palavra, sua performance e seu corpo.

Apesar de ser uma competição, antes de tudo, as batalhas são uma celebração. As comunidades ou times se reúnem e o público é parte integrante da apresentação, intervindo a todo momento com vaias, aplausos, gritos ou participação no processo. Por serem orgânicos aos grupos e locais que surgem, os slams apresentam características de temática e do grupo social que o compõem. Nesse sentido, tanto a apresentação do poeta, quanto a plateia, contam com um elemento de auto representação. Os slammers contam sua própria história, usando suas palavras, aproximando a arte e a vida, criando uma estética própria e autêntica.

A palavra slam é uma onomatopeia em inglês usada para designar uma batida, como uma porta se fechando subitamente. A palavra mais aproximada na língua portuguesa para a expressão é “Blam!”, muito embora, por ser um demarcador de som, não haja necessidade alguma de tradução. Como o próprio nome, a poesia é marcada por fortes traços de oralidade e coloquialidade, tendo uma demarcação linguística informal. Por sua temática e forma, a poesia do slam pode ser considerada como marginal e essa pecha é autoproclamada por alguns grupos, como o Slam das Minas de São Paulo, que intitulou seu documentário com o lema usado pelos poetas marginais brasileiros dos anos 80: “Seja Heroína, Seja Marginal”.

Slam no Brasil: identitarismo e apropriação de espaços públicos

O slam chegou ao Brasil através da atriz e poeta Roberta Estrela D´Alva, em 2009. Estrela D´Alva faz parte do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos que juntos montaram o Slam ZAP! – Zona Autônoma da Palavra. Ele ocorre há dez anos em um bar no bairro da Pompéia, Zona Oeste de São Paulo. O segundo slam a ser formado no país foi o Slam da Guilhermina, em 2012, Zona Leste da cidade de São Paulo. Esse tem a característica de ocorrer em espaço ao ar livre, ao lado da estação de metrô, em uma praça pública aberta à toda comunidade da região e com fácil acesso ao restante da cidade.

A FLUP – Festa Literária das Periferias – ocorrida pela primeira vez em 2012, percorre favelas e comunidades do Rio de Janeiro em edições anuais e coloca como protagonistas de suas obras e publicações o escritor de origem periférica, valorizando temática, traços de linguagem e expressão, além de conseguir patrocínio ou financiamento para a publicação de obras. No Brasil, o slam se insere nesse processo de conquista crescente de espaço por grupos excluídos, oprimidos ou marginalizados e tem como principais protagonistas os jovens das periferias.

A partir de 2013, os slans se popularizaram no país, sendo formados em comunidades no interior de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Bahia. A responsabilidade dessa divulgação e disseminação da ideia das batalhas de poesia é do Slam Resistência, que ocorre na Praça Roosevelt, no centro de São Paulo e faz uso das redes sociais para divulgar as batalhas, os poetas e as poesias.

O ano de 2013 foi marcado por movimentos de juventude em todo o país. Inicialmente contra o aumento do preço do transporte público, as manifestações atingiram outras demandas sociais, sobretudo da juventude e da periferia. Questões como saúde, educação, repressão, moradia e a realização da Copa do Mundo de Futebol, sediada no Brasil em 2014, foram pautas. Em contrapartida, houve repressão policial e do governo. O Slam da Resistência nasceu nesse contexto, uma vez que a praça era local de reunião de ativistas e advogados do movimento e se disseminou por ter poetas tratando exatamente dessas questões e dialogando com um sentimento geral da juventude naquele momento. O slam brasileiro se caracterizou a partir daí, por ser realizado em locais abertos, permitindo a entrada democrática de todas as pessoas e impondo aos pedestres que por ali passam a presença de grupos de jovens poetas e seu público. Não há qualquer rigidez ou imposição de temática aos slammers, mas existe uma tendência a tratar de temas como racismo e empoderamento de mulheres e jovens negros, repressão policial e violência do Estado, exclusão de direitos, sexualidade e temática LGBTQ+, feminismo, machismo e autoafirmação feminina.

Outros Slans, com temática específica, foram criados ou surgiram de comunidades. Em diversas cidades do país existem slans voltados exclusivamente para mulheres, onde homens são bem-vindos na plateia, mas não podem nem batalhar, nem ser jurados. Existem slans formados para tratar da temática negra e também grupos cujos poetas e jurados são da comunidade LGBTQ+. Outro slam temático é o “Slam do Corpo”, feito em Libras, por poetas surdos e traduzido simultaneamente em língua portuguesa.

Portanto, o slam é uma forma artística, cultural e social na qual os protagonistas, desde poetas e jurados, são os setores que foram silenciados constantemente pela sociedade. Através da arte, da poesia e da ocupação de espaços por pessoas de diferentes idades, crenças, orientações políticas e filosóficas, ocorre uma celebração coletiva, que é ao mesmo tempo uma batalha. É um momento de pausa e contemplação, mas também de afirmação e resistência. A poesia slam é autêntica, informal, coloquial e bem trabalhada, tanto do ponto de vista métrico e de temática, quanto em relação à performance executada que busca trazer o público para a apresentação.

Fonte: https://www.institutoclaro.org.br/educacao/para-ensinar/planos-de-aula/plano-de-aula-slam-poesia-falada/

Plano de aula para aplicar o slam na sala de aula